Velhice não é doença é tema da campanha de conscientização da UnAPI

Postado por: Alicce Rodrigues Rocha

Por meio das mídias digitais, o objetivo é incentivar o debate sobre o que é o envelhecimento

A Universidade Aberta à Pessoa Idosa, UnAPI, realiza campanha de conscientização com o tema “velhice não é doença”. A campanha, realizada nas redes do programa (instagram, facebook e site), começou dia 08 de setembro e dura até dia 24 do mesmo mês. A iniciativa é uma resposta ao comunicado da Organização Mundial da Saúde, OMS, que a partir de janeiro de 2022 pretende introduzir a velhice na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11). Além de incentivar a discussão sobre o tema, a campanha também busca a mobilização popular para assinatura do Manifesto da campanha nacional pela não inclusão do termo velhice na lista de doenças.

Hoje, já são 32,9 milhões de pessoas idosas no país, número maior do que as crianças de até 9 anos, que somavam apenas 26,9 milhões em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com tantos idosos e com o crescimento acentuado dessa população, é preciso reflexão sobre as condições desfavoráveis que já enfrentam no sistema e como serão afetados por uma mudança como essa da OMS. Aos 73 anos, Terezinha de Jesus mora em Campo Grande e não se conforma com a decisão. “Eu penso que a classificação da velhice como doença é de uma extrema ignorância. Pelo o que sei, existem doenças da infância, da puberdade, da adolescência e por isso a criança, o adolescente é doente? […] Eu não sou doente não. Eu sou um ser humano. Eu me sinto totalmente desrespeitada com essa classificação. Por que querem me transformar em doente?”.

A juventude, que antes era vista apenas como uma etapa da vida, agora é exaltada e tida como um valor a ser mantido em todas as fases. Isso é procurado por diversos meios, como em procedimentos estéticos, produtos farmacológicos e até atitudes comportamentais. Não é à toa que existem diversos produtos chamados de anti-idade ou anti-envelhecimento, o medo de envelhecer é incentivado na civilização capitalista. Para o atual coordenador adjunto da UnAPI, Eduardo Meza, “a campanha vai colocar o tema em evidência, porque nós não discutimos a velhice, escondemos a velhice. O fato da gente ocultar a velhice é ruim. Quando trazemos um debate internacional, mesmo que ele seja ruim, podemos fazer do limão uma limonada”.

Entre 2016 e 2018, de acordo com o censo feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), pessoas de 36 a 50 anos foram as que mais procuraram procedimentos estéticos e processos rejuvenescedores. Com a decisão, a Organização pode aumentar a supervalorização da juventude e os estigmas associados aos idosos, ao mesmo tempo em que beneficia grandes indústrias. 

O processo de envelhecimento é natural, e não existe respaldo científico para a inclusão da velhice como enfermidade. Apesar de trazer mudanças fisiológicas e biológicas, tornar-se velho não é sinônimo de ser doente. A qualidade de vida de um idoso é determinada pelas oportunidades e pelos acessos que foram garantidos desde a infância, como saúde, educação e demais direitos, dispostos tanto na Constituição Federal de 1988, quanto no Estatuto do Idoso, a Lei Federal de nº 10.741. 

O que é a UnAPI

A UnAPI é um programa institucional da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que atua desde 2011 com a promoção dos direitos dos idosos. Atualmente, é composto por 77 pessoas, entre equipe, coordenadores, bolsistas, voluntários e idosos. Os pilares do programa são a valorização e a garantia do bem-estar da pessoa idosa, para integrá-la à universidade e democratizar o acesso ao conhecimento, bem como às atividades de lazer, cultura, saúde mental e corporal propostas. 

Para entender mais sobre a campanha e fazer parte desse debate, acesse a página da UnAPI UFMS no Instagram.

Texto: Alicce Rodrigues, Ana Klara Tortoza, Rafaela Teorodo e Raquel Alves.